Todos nós sabemos das dificuldades de aprender quando estamos tensos,
angustiados ou dominados por uma forte emoção. Ao contrário, nossas
possibilidades mentais parecem ampliar-se e, de fato ampliam-se, quando estamos
tranqüilos.
E´ importantíssimo que o coordenador dos encontros compreenda o fenômeno
emoção. O “Novo Dicionário Aurélio” assim define emoção: “reação intensa
e breve do organismo ao lance inesperado, a qual se acompanha de um estado
afetivo de conotação penosa ou agradável”. A emoção é, portanto, um estado
temporário de espírito. Tornando-se permanente, transforma-se em sentimento,
bom ou mau. Por exemplo: a raiva é uma emoção. Cultivada permanentemente
transforma-se no sentimento rancor ou ódio.
Tudo que atinge a emoção atinge o ser integralmente. As más emoções
geram distúrbios emocionais, físicos e espirituais. As boas emoções iluminam a
vida, beneficiam todo o ser. Para termos boa saúde física e mental, temos que
eliminar as emoções destrutivas e cultivar as emoções elevadas.
. Harmonização ao início da reunião
Os participantes, quaisquer que sejam suas idades, ao chegarem para a
reunião, podem trazer preocupações do cotidiano, ou mesmo estar com a mente
agitada por graves problemas ou emoções intensas, o que os impedirá de
centrarem sua atenção nas atividades. Essas tensões prejudicam também a saúde
física, emocional e espiritual que buscamos promover. E’ importante, assim, um
momento de harmonização, de aquietação das emoções.
A harmonização pode ser favorecida por alguns meios, como por exemplo, canto;
respiração ritmada; relaxamento muscular; ouvindo música
tranquilizadora; ou assistir à projeção de “slides” ou vídeo com uma seqüência
de imagens agradáveis e repousantes; estímulos auditivos como: barulho de água
correndo, canto de cigarras ou de pássaros. São alguns minutos de busca da
paz íntima, o que irá beneficiar todo o ser.
(Apostila Lar Fabiano de Cristo
Harmonização ao final da reunião
Este momento tem por objetivo proporcionar vivências de bem estar e paz
interior. Associamos a música, o relaxamento corporal e a respiração
ritmada. Podemos utilizar a técnica das imagens mentais (visualização)
para ajudar na eliminação de conflitos emocionais e sentimentos negativos,
procurando substítui-los por emoções mais felizes e harmoniosas, geralmente
relacionadas com o objetivo da reunião. Vamos detalhar os procedimentos.
1-Música
O coordenador, depois de explicar os objetivos, colocará música suave,
tranquilizadora (“New Age”, clássica ou religiosa, de preferência
instrumental). Todos ouvem em silêncio. Principalmente no trabalho com
crianças, pode-se variar os recursos sonoros, como, por exemplo, vibrar um
instrumento, diminuindo sua intensidade até que o som desapareça. Pedir que
ouçam atentamente.
Relaxamento
Sugerir que cada um procure sentar-se confortavelmente. Buscar o maior
relaxamento. Começar pela atenção a determinadas partes do corpo: testa,
olhos (de preferência cerrados), face, ombros, etc. descendo até os dedos dos
pés.
Com crianças pequenas, o relaxamento, o silêncio e a concentração
devem ser estimulados por meio de situações como: “fazer o silêncio para
ouvir o barulhinho das águas ou o canto dos pássaros” (gravado em fita),
“relaxar como um bonequinho mole, mas sentando-se com boa postura, bem
quieto, com os olhos fechados e sentindo-se bem”.
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Respiração
Obtido o relaxamento muscular, cada um passa a concentrar sua atenção na
respiração, inspirando naturalmente, com a boca cerrada, retendo o ar um pouco
e expirando, abrindo suavemente os lábios.
Este método de respiração, utilizado diariamente possibilita uma
renovação orgânica e, em conseqüência, maior vitalidade.
Visualização
A visualização pode ser usada para vários fins educativos e
terapêuticos. É uma técnica utilizada pela Psicologia Transpessoal para libertar conflitos e
facilitar o auto-encontro, ou seja, a sintonia com a própria consciência,
desvelando os verdadeiros valores do ser.
Podemos também imaginar uma tela à nossa frente. Cada um projetará a
imagem de uma paisagem agradável e repousante: um lago tranqüilo refletindo o
luar, uma praia onde se ouve a cadência das ondas do mar, um riacho, um bosque
florido etc.
Para os objetivos de nossas reuniões a visualização poderá ser orientada
pelo coordenador com palavras simples, adequadas ao nível do grupo com que se
trabalha. Podemos sugerir:
- Feche os olhos e sinta que você está num sereno mar azul; sinta que você está flutuando numa onda desse mar... está flutuando para cima e para baixo, suavemente, com toda a segurança... Escute o som do mar dentro de sua cabeça... o ritmo das ondas... tudo calmo e tranqüilo.
Agora o som está desaparecendo... e você está voltando com a onda, chegando à praia... e você abre os olhos, sentindo-se muito bem.
- Feche os olhos e sinta que você está num sereno mar azul; sinta que você está flutuando numa onda desse mar... está flutuando para cima e para baixo, suavemente, com toda a segurança... Escute o som do mar dentro de sua cabeça... o ritmo das ondas... tudo calmo e tranqüilo.
Agora o som está desaparecendo... e você está voltando com a onda, chegando à praia... e você abre os olhos, sentindo-se muito bem.
Durante a imagem criada na tela mental, deve-se procurar sentir a
harmonia desse ambiente, “enquanto se deixa penetrar pelas forças ignotas da
Natureza, facultando a sintonia com a Energia Divina, que se encontra em toda
parte” (Joanna de Ângelis).
A visualização pode ser usada para reprogramar a mente com novas idéias,
liberando conflitos. Orienta-nos Joanna de Ângelis em “Vida: Desafios e
Soluções”. (pg. 147 - 1ª edição):
“Quando estiver
estabelecido esse hábito deve-se visualizar um acontecimento agradável que se
encontra guardado no inconsciente, retirando-o dali pela memória ativa e
voltando a experimentá-lo de tal forma que se torna vívido e saudável,
proporcionando o mesmo bem-estar daquela oportunidade ora passada. Esse
expediente auxiliará a emoção a reviver cenas felizes, que estão sepultadas sob
os desencantos e problemas acumulados, que ora constituem carga emocional muito
desagradável e inquietadora. Com esse método fácil de reviver a felicidade,
pode-se visualizar, também, momentos desagradáveis, ocorrências más, que
deixaram resíduos ácidos e ressentimentos graves, desculpando o ofensor,
distendendo-lhe o perdão, retirando-o dos arquivos do inconsciente e liberando-se
para preencher o espaço com acontecimentos vitalizadores”
Quando trabalhamos com crianças pequenas precisamos primeiro prepará-las
com exercícios de quietude e silêncio, que só poderão ser obtidos se houver o
acordo de todos. O treino, então, precisa ser feito em situação lúdica para
tornar-se um desafio. Podemos usar alguns exercícios montessorianos:
*Com todos em silêncio, murmurar o
nome de duas crianças que, sem ruído, trocam de lugar enquanto os outros
permanecem imóveis.
*Correr de um lado para outro na
ponta dos pés, sem qualquer barulho, primeiro individualmente, depois em
pequenos grupos e, em seguida, todo o grupo.
*Trocar de lugar cadeiras dispostas
em círculo.
*Brincadeiras em que a criança
“congela” o movimento, (por exemplo: Estátua; dançar parando onde está quando a
música é suspensa).
Após essa
preparação iniciar os exercícios de visualização:
•Mostrar um objeto ou uma figura de um só elemento e pedir que
as crianças fechem os olhos e pensem firmemente no que viram. Exemplos: uma
vela acesa, uma flor, uma árvore frondosa.
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•Criar essa imagem mental, acrescentando detalhes, como:
- sentir o perfume
da flor;- ver galhos das árvores balançando ao vento;- acompanhar o percurso de
uma folha ao vento.
•Criar imagens mentais com mais de um elemento e com
movimento, como:
- borboletas voando sobre flores; aos
poucos vão pousando e tudo se aquieta.- um mar calmo e bonito formando pequenas
ondas; ouvir o barulho do mar.
Com as crianças maiores já podemos sugerir uma imagem com mais
elementos:
“Vamos sentar corretamente, fechar os olhos, ficar tranqüilos e
relaxados. Agora, respirem sentindo o ar entrar devagarinho pelo nariz... o ar
saindo... entrando... saindo bem devagar. Prestem atenção só à respiração.
Vamos imaginar que estamos sentados numa grama verde e macia, na sombra de uma
grande árvore... estamos cercados de flores perfumadas. Lá do alto descem
muitos raios de luz, que trazem saúde e paz... Cada raio de luz entra por
nossas cabeças e espalha-se por todo o nosso corpo... Você se sente muito
bem... muito feliz... com muita paz. Você guarda essa luz de saúde e paz.
Agora, volte com seu pensamento à nossa sala. Abra devagar os olhos”.
De preferência usar
música instrumental suave como fundo musical.
Ao término da experiência, estimular as crianças, cada uma por sua vez, a expressar o que sentiram.
Ao término da experiência, estimular as crianças, cada uma por sua vez, a expressar o que sentiram.
Observações importantes:
· O momento de harmonização não deve ultrapassar cinco minutos e bem
menor tempo com as crianças.
· Deve-se observar cuidadosamente as reações dos participantes às
imagens mentais sugeridas como, por exemplo, “sentir-se no alto de uma
montanha” pois podemos esbarrar em traumas passados, desta ou de outras
existências, os quais podem gerar profundas angústias. Observando-se qualquer
inquietação, chamar com serenidade o participante, tocá-lo suavemente,
perguntar se prefere fazer a experiência em outro momento. Nesses casos é se
preferível que cada um possa criar, na tela mental, a paisagem que lhe é mais
tranqüilizadora.
· E` importante que a harmonização não seja um momento forçado, mas
natural, prazeroso.
· A prece, que deve ser breve, quando feita após a visualização,
alcança níveis mais profundos do Ser . Acreditamos ser esse o momento ideal. Da
mesma forma as afirmativas de bem estar e paz.
· Nos grupos com
freqüência diária na UPI, esse exercício pode ser feito sempre à mesma hora
(inicio do dia, na rodinha, ou depois do repouso, no início das atividades da
tarde), o que favorecerá o condicionamento.
" A vida
foi-nos dada como um quadro a desenhar. Dentro do nosso livre-arbítrio
podemos deixar o quadro em branco pela futilidade dos nossos atos. Podemos
ainda, produzir um quadro mau ou somente medíocre, como podemos imprimir-lhe
uma obra-prima de graça e beleza. "
Paul Gibier (“Análise das Coisas” - FEB)
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Flávia Peruci